Mais de dois após o assassinato do jovem de 18 anos Marcelo Felipe Guerra dos Santos Rocha, em abril de 2022, por policiais militares, em Feira de Santana, a família da vítima ainda não possui um desfecho sobre o caso. Na manhã desta segunda-feira (11), uma audiência estava marcada para julgamento dos acusados, no Fórum Filinto Bastos, porém faltando poucos minutos para acontecer, foi adiada para abril de 2025.
Marcelinho, como era conhecido por amigos e familiares, foi morto a tiros por policiais militares após tentar fugir de uma Blitz na Avenida Maria Quitéria, por não possuir carteira de habilitação. Na época, os dois acusados de praticarem o crime alegaram que a vítima estava armada e houve troca de tiros no local.
No entanto, as investigações do Grupo de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública do Ministério Público (GEOSP), apontaram que o jovem não portava arma. Imagens de câmeras de segurança do local revelaram que, ao avistar a Blitz, Marcelinho estacionou o veículo em um estacionamento próximo e aguardou durante duas horas pelo fim da operação. Após esse tempo de espera, ele decidiu sair do local em que estava e deu ré no automóvel por cerca de 600 metros, o que chamou a atenção dos policiais.
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Ainda conforme as apurações do MP-BA, Marcelinho foi perseguido por policiais em motocicletas, mas ao ser abordado, o jovem não ofereceu resistência. Ainda assim, foi executado ao volante pelos PMs, sem nenhuma possibilidade de defesa.
Em abril 2023, o órgão estadual denunciou os policiais militares por homicídio qualificado e pediu à Justiça que os dois envolvidos sejam afastados do cargo.
Sofrimento
Em entrevista ao Folha do Estado, a mãe de Marcelinho, Daniela Guerra, relatou o sentimento de frustração pela longa espera durante o processo. No fórum, ela e seus familiares se reuniram em oração e novamente clamaram por Justiça.
"Foi um momento de muita frustração pra mim, porque desde janeiro eu já tinha informação dessa data, no dia 11/11/2024 e desde então todos aguardavam com muita expectativa por esse dia. Infelizmente, quando chegamos lá no Fórum para a audiência, no horário marcado, fomos surpreendidos com a informação de que não haveria a audiência, que teria sido remarcada por motivo de força maior, que a magistrada não poderia se fazer presente", informou.
Apesar de todo o sofrimento, Daniela Guerra destacou que seguirá aguardando e lutando até que a Justiça seja feita.
"Já foi designada uma nova data, que será de 14 de abril de 2025. É uma longa espera, uma tortura, mas eu confio em Deus e também acredito na Justiça aqui na Terra, e vamos aguardar por esse dia. Até lá estou orando, clamando e fazendo o que tem que ser feito. Mas eu confesso que realmente foi uma frustração muito grande e também um constrangimento, que eu poderia de alguma forma ter me poupado. Cheguei lá com minha família, amigos, e fomos surpreendidos com esta notícia", desabafou.